O dia-a-dia vai-nos presenteando com declarações do Governo Regional e dos apaniguados socialistas.
Não é nada de espantar, evidentemente. Acontece com todos os responsáveis políticos. É normal que se proporcionem momentos em que se fazem apreciações sobre a evolução da sociedade açoriana e se apresentam propostas e ideias para o futuro dos Açores.
Já menos comum é o recente corrupio de declarações socialistas, carregadas de pseudo-explicações sobre o que vai mal (e é muito o que vai mal), assim como de ataques violentos às apreciações da oposição.
Face à verdadeira situação de emergência vivida nos Açores, os socialistas estão incapazes de explicar, com clareza, o fraco resultado que decorre da sua governação. Como já é impossível assobiar para o lado, assumem a agressividade como método, neste momento em que os Açorianos vivem o pior momento no percurso da Autonomia.
O sentimento de culpa socialista é notório. Mas ao contrário de assumirem as culpas que necessariamente têm depois de mais de dezassete anos de poder, continuam a fazer um impensável discurso de autoelogio.
Como se os Açorianos aceitassem como natural, e fora da zona de culpa do Governo Regional, o desemprego mais elevado dos últimos 40 anos. Ou as dificuldades de natureza social gritantes, com a fome a alastrar significativamente em todas as ilhas.
Este é um momento de contradição nos Açores. Entre o discurso de quem governa e o que sentem as pessoas. É o paradoxo socialista.
De um lado está o discurso do poder. Com tudo bem ou a caminho de ficar bom. Em que nada de mau se deve ao governo açoriano. É o discurso em que os males que vêm de fora são compensados pela bonomia de um governo sem mácula. E o discurso, presente desde sempre, de que não há falta de dinheiro público, nem tampouco má aplicação.
Do outro lado estão as pessoas e a sua realidade. Com o desemprego a atingir 21 mil Açorianos, em agravamento constante há vários anos e ao arrepio do que se passa no resto do país. Com a fome a criar uma situação de manifesta preocupação. Com as empresas a desesperarem para receber o dinheiro que o Governo Regional lhes deve. Com os elevados montantes a chegarem aos Açores vindos de fora, teoricamente destinados a apoiar políticas de desenvolvimento, mas a acabarem, em larga escala, a financiar o funcionamento da máquina administrativa do governo e a não dar lugar aos resultados que se desejariam.
O discurso socialista não cola com a realidade. E os Açorianos já não ficam sequer espantados com a contradição existente. Ficam é cada vez em maior desespero, vendo esvair-se a esperança que até certa altura ainda chegaram a ter.
Os socialistas, agressivos como é seu timbre, estão a perder completamente o tino. Chegamos a pensar, por vezes, se eles próprios não se enredam no seu discurso e nem percebem que o que dizem não é o que as pessoas sentem. Se calhar, no caso dos mais ingénuos, até acham que estão a falar verdade.
O governo, que supostamente iria preparar soluções, foi, numa primeira fase, um governo de desculpas.
Neste momento, os Açores já só têm um governo de contradições. Afastou-se das pessoas.