Somos 1 – Bairrismos
Pensei que o bairrismo bafiento era coisa do passado. Antes, o nosso atraso secular originava disputas raivosas na divisão das migalhas de um magro orçamento.
Com a Autonomia construíram-se portos e aeroportos, que nos aumentaram a mobilidade, … hospitais e escolas, que melhoraram a vida e fixaram os açorianos nas suas ilhas.
Isso foi na altura das vacas magríssimas. Foi a contar os tostões que estas ilhas viram satisfeitas reivindicações seculares.
Depois chegou o dinheiro da Europa. Dinheiro fácil que começou a espalhar betão e alcatrão. Defenderam que esse era o caminho do desenvolvimento. Também fizeram coisas bem-feitas. Claro que o processo de melhoria das infraestruturas é importante … mas o dinheiro fácil originou tanta asneira.
Foi a altura do “dinheiro para gastar”. Não para gastá-lo bem … mas para gastá-lo todo. Foi a altura dos orçamentos inflacionados, dos projetos mal fiscalizados e com derrapagens absurdas. Foi altura das termas que nunca funcionaram, dos casinos que nunca abriram e dos barcos que nunca chegaram.
Como exceção, já era muito mau. Como regra, estamos como estamos … e sem músculo para combater uma crise que veio para ficar e teima em não abrandar!
Se em “casa onde não há pão, todos brigam e ninguém tem razão”, pior é quando a “fome” vira irracionalidade. No caso, desatinaram as Câmaras do Comércio de Angra e Ponta Delgada. Espelho meu, espelho meu … quem reclama mais dinheiro mais do que eu.
A irracionalidade ganhou uma dimensão perigosa, quando, agora, é o próprio Governo Regional a patrocinar uma estratégia que divide para reinar.
A ida de Vasco Cordeiro à Terceira para “acelerar” um apelidado HUB Atlântico no porto da Praia da Vitória, é a prova: passados 17 anos, sem soluções, o governo sugere que cada açoriano encontre os culpados … na ilha ao lado. Faz a apologia do bairrismo bafiento.
Mau demais!
Somos 2 – HUB Atlântico
Depois de prometerem umas “Portas do Mar” em Angra do Heroísmo, o governo voltou atrás. Sempre achei que aquilo nunca ia sair do papel … e não passava de uma promessa para “terceirense comprar”.
A “compensação” é uma espécie de entreposto das mercadorias que cruzam o Atlântico das américas para a Europa e vice-versa. Chamam-lhe Hub Atlântico. Das duas, uma: ou não fazem a mínima ideia do que é “Hub” …ou insistem que os açorianos em geral (e os terceirenses em particular) gostam de ser tratados por tolos.
Somos 3 – Ilegalidade
No Parlamento açoriano cometeu-se uma ilegalidade grave. O Partido Socialista alterou à socapa um diploma que tinha sido votado no Plenário. Na prática, na redação final mudaram as regras de prioridade na contratação de professores.
Sem precedentes, em quase 40 anos de funcionamento da Assembleia Regional, é a própria Assembleia a desrespeitar as “leis” que ela mesmo aprovou.
Agora, que legitimidade tem o Partido Socialista (mais o PCP) para exigir que os açorianos cumpram aquilo que lá se aprova? Para eles é mais ou menos assim: “façam o que eu digo (e quero), … não façam o que eu faço”. E a Venezuela aqui tão perto!
Somos 4 – Europeias
Do lado do PSD a coisa saiu limpinha. Rangel foi apresentado no Congresso do PSD como cabeça de lista às Europeias e uma semana depois a lista estava pronta, com Duarte Freitas a conseguir um feito inédito. Nunca o candidato do PSD/Açores tinha ocupado o 3º lugar.
Da lista socialista só se conhece Francisco Assis. O resto está bem enriçado ou vem por arrasto … e arrasta-se até ao candidato que os socialistas açorianos vão lá encaixar. Cá e lá, se não estão “à procura da rolha” … parece!