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Há um partido político nos Açores que anda nitidamente às aranhas.

Como assim?

Não tem obviamente a ver com qualquer pesquisa científica desenvolvida por investigadores com ligação partidária, destinada a estudar as características do dito artrópode. Nem, tampouco, se trata de mera atividade de lazer, empreendida por um grupo de políticos que nutrem especial afeição ou curiosidade pelo referido animal.

Será, então, que nos propomos falar de uma teia que está a ser urdida no plano político por esse partido?

Também não é isso. Embora não fosse má ideia. Fica como lamiré para crónicas futuras, já que o partido a que nos referimos tem sido manhoso na construção de diversas teias, ou se calhar de apenas uma, gigante e multipolar, que se estendeu à sociedade açoriana nos últimos 17 anos.

Falamos, como agora já é evidente, do partido que suporta a governação nos Açores. E a presente crónica pretende abordar a forma atabalhoada como os socialistas açorianos se têm comportado. Verdadeiramente, “andam às aranhas”. E esse comportamento não tem a ver com o sentido literal da expressão, mas sim com a sua condição de expressão idiomática.

Basta uma ligeira pesquisa e encontramos para essa expressão vários significados: não saber o que fazer, estar confuso, andar à toa, estar baralhado, ou tantos outros de sentido idêntico que podem ser imaginados por quem nos está a ler. Meter os pés pelas mãos, por exemplo.

A última confusão gerada pelos socialistas, e que tem merecido um alargado tratamento mediático, é a referente a uma iniciativa legislativa tendente a resolver a situação profissional dos professores contratados nos Açores.

Apanhados em falta, sem saber o que fazer, têm andado completamente à toa. Já “pegaram” em iniciativas de outros, já as alteraram de cima a baixo, já faltaram à verdade, dizendo que houve supostas reuniões em que disseram estar presente quem nunca para as mesmas foi sequer convocado.

A redação final da iniciativa, da sua autoria, adulterou o que tinha sido aprovado em plenário do Parlamento. Depois, vergonhosamente e para tentar lavar a face, aprestaram-se a introduzir regras nesse domínio. Como se não fossem eles os que delas fizeram gato-sapato.

Verdadeiramente grave, contudo, é o facto de, nos ziguezagues permanentes a que nos têm habituado, terem revelado a intenção de promover uma ilegalidade.

Quiseram que o Parlamento votasse novamente aquilo que já tinha sido votado. Ou pior, que se votasse um documento diferente daquele que o Plenário aprovou.

Ninguém pode cometer uma ilegalidade. Muito menos o pode fazer a instituição responsável pela produção de leis nos Açores.

Mas foi isso que os socialistas propuseram. Desrespeitando aqueles que o povo elegeu como seus representantes. Não hesitando em atropelar o funcionamento do Parlamento. Revelando uma atitude que desprestigia a Casa da Autonomia.

Com uma postura irresponsável, não respeitaram também os professores, os visados pela iniciativa.

Até pode ser que os socialistas acabem por reconsiderar a sua intenção. Mas será, apenas, mais um passo deste “andar às aranhas” que tem caracterizado a sua governação.