O conselho consultivo de independentes, um órgão de aconselhamento impulsionado pelo PSD/Açores, reuniu na freguesia da Terra Chã, em Angra do Heroísmo, o seu grupo Família.
Com uma vertente identificada de trabalho em torno das políticas sociais, o primeiro alerta incidiu “no défice existente de bons técnicos sociais a trabalhar no terreno”.
A professora universitária Ana Margarida Furtado, coordenadora do grupo Família explicou que, “as pessoas que necessitam de apoio social verbalizam isso, e sentem a necessidade da presença dos técnicos perto delas. Precisam de técnicos que, de facto, conheçam as suas realidades e que as compreendam, que identifiquem as suas necessidades reais”, afirmou.
Numa visita ao bairro social daquela freguesia angrense, a docente defendeu que, “só assim será possível um diagnóstico mais completo. O técnico tem de estar junto das famílias, de modo a poder torná-las cada vez mais autónomas e menos dependentes dos serviços”, acentuou.
Ana Margarida Furtado referiu a necessidade “de uma intervenção social que seja feita de forma sistémica. E que pode ser feita com menos dinheiro e com mais criatividade. E levada a cabo onde as coisas acontecem, agindo à medida do que as famílias precisam”, acrescentou.
Joel Neto, escritor terceirense, é o coordenador do conselho consultivo de independentes, e realçou hoje “a necessidade de fazermos ver o que é claro. E o nosso diagnóstico do estado da Região, do ponto de vista social, é o diagnóstico que está no Instituto Nacional de Estatística. E que nos diz que, do ponto de vista social, os Açores são uma verdadeira tragédia”.
“Os Açores ocupam o último lugar em todos os rankings de desenvolvimento humano. Desde a violência doméstica ao abuso sexual, passando pela gravidez precoce, o abuso do álcool e o usufruto do Rendimento Social de Inserção (RSI). Para além de um desemprego preocupante, que se apresenta de forma antagónica ao verificado no todo nacional”, afirmou.
Sobre a recente redução da aplicação do RSI nas famílias açorianas, Joel Neto referiu que “era o que se esperava que acontecesse, a partir do momento em que começasse a faltar o dinheiro. Ou seja, um desenvolvimento social assente na economia do subsídio, acaba por derrocar”.
“E isso não acontece apenas nas zonas tidas como deprimidas. Acontece em todas as ilhas dos Açores, e em zonas onde a classe média sempre teve algum conforto, mas onde isso desaparece e onde está a deixar de haver classe média”, adiantou.
O conselho consultivo de independentes divide-se em cinco áreas diferentes: Família, Desenvolvimento, Cidadania, Coesão e Economia. Os diversos grupos vão realizar reuniões ao longo de todo o ano, sendo depois realizada uma convenção, onde serão apresentadas as respetivas conclusões, assim como será publicado um opúsculo com essas mesmas conclusões.