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Durante os últimos dois anos e meio temos vindo a ouvir, lere aturar a doutrina governamental a elevar as qualidades de uma governação imaculada, uma verdadeira inspiração atlântica, bem diferente dos irmãos da Madeira, e em oposição política e partidária com o governo e a maioria que assumiu retirar o país de um domínio estrangeiro em dose superior aos outros parceiros na construção europeia.

Há mais de 30 meses que o partido que governa os Açores passa a vida a dizer que o seu governo é que é! Que nos Açores se vive uma espécie de “El dourado” do bom comportamento das finanças públicas e que o resto do país está entregue à desgraça e a um segundo resgate, que se vivem espirais recessivas e de austeridade, quando a única espiral que se vem tornando num sem-fim é a da crise social nos Açores.

Mas o que confunde, cada vez mais, é que os Açores estão na cauda de todos os indicadores sociais; seja no desemprego, no abandono escolar, na gravidez na adolescência, na mortalidade infantil, no alcoolismo, na incidência do RSI, na violência doméstica, no rendimento médio, no valor médio das pensões, no poder de compra, nas listas de espera na saúde, seja ainda na incidência do apoio social escolar ou do abono de família, tudo revela uma região onde parece que só mesmo aqueles que estão comprometidos com a posição podem continuar, passados três anos de resgate, a dizer que estão a fazer tudo bem, e tudo o que está mal é responsabilidade ou culpa dos “outros”. Principalmente quando os “outros” começam a levantar a cabeça e, por cá, continua a degradar-se uma situação social que já é, como se vê, a pior possível.

Por outro lado, boa dose de Estado Social que é assegurada nos Açores é paga pelo orçamento de estado, como é o caso das pensões, do abono de família, do RSI ou do subsídio de desemprego. Ao passo que no exercício das competências autonómicas os Açores são governados à boa maneira de para alguns nada se perde, aos outros nada se cria, e tudo se transforma para todos!

E somos sempre atirados para a circunstância de não sermos capazes de passar para a frente nem num país abalado por um terramoto social de, pelo menos, nos aproximarmos da média, ou de deixarmos de ser sempre os que menos conseguimos com mais recursos.

E em termos de recursos, nada tem faltado à classe dirigente dos Açores para transformar esta realidade.

Os Açores vão sendo uma promessa adiada pelas mãos de quem se entretém a sacudir as responsabilidades. Salva-se serem os Açores, valha-nos isso!