Nas últimas décadas o mundo tem mudado a uma velocidade estonteante.
Os Açores de hoje em dia são também um produto dessa mudança, que aliás coincidiu com a implantação do modelo autonómico, bem como com o restabelecimento de um regime democrático em todo o país. Neste período, iniciado em 1976, começou também, cerca de dez anos depois, o processo de integração europeia, que arrastou grandes modificações para a sociedade açoriana e para a sua economia.
Os Açores são hoje muito diferentes. São necessários, por isso, ajustamentos ao modelo de organização social e política implantado há quase quatro décadas.
É urgente encontrar novas respostas. Até porque existem atualmente problemas que não se ultrapassam com mecanismos que se revelavam adequados no início da caminhada autonómica.
Pensar a Autonomia deve ser, assim, um exercício feito em permanência. E talvez ainda mais se justifique fazê-lo, com caráter quase prioritário, quando os problemas assumem maior gravidade, como os que atualmente caraterizam a sociedade açoriana.
A Autonomia provou ser o modelo que permite estimular o desenvolvimento destas nove ilhas. Disso ninguém tem dúvidas, a não ser aqueles para quem o centralismo continua a marcar o seu pensamento. Mas obriga a que se pense o seu futuro, já que o contexto atual assume contornos substancialmente distintos daqueles que se conheciam até aqui.
Foi com essa intenção que o último Congresso do PSD/Açores entendeu ser importante “Pensar a Autonomia do Futuro”. Foi esse processo que se iniciou formalmente no último fim de semana, através de um esclarecedor e rico exercício de reflexão realizado na ilha Terceira, que se estendeu muito para além das paredes partidárias de quem o promoveu.
Para o efeito, foram convidadas, e deram o seu testemunho, bem como as suas perspetivas de futuro, diversas personalidades que pontuaram, nos últimos 40 anos, nos planos político, social e económico. Algumas, naturalmente, diretamente responsáveis do ponto de vista institucional nos primeiros 20 anos de Autonomia, de responsabilidade social-democrata. Mas também muitas outras, situadas noutras áreas do extenso leque partidário açoriano, bem como algumas que têm dedicado a sua vida ao desenvolvimento económico e social dos Açores.
Foi um momento de excelência, em que surgiram contributos de enorme valia. Um excelente momento de reflexão, livre e desprendido dos mecanismos partidários. Reflexão sobre o sistema político que melhor pode responder aos graves problemas atuais, bem como aos que se perspetivam, e também sobre as exigências da sociedade e da economia, que hoje são bem diferentes do que eram em 1976. Foi o início de um exercício oportuno, tendente a encontrar soluções mais adequadas para os problemas da Autonomia, no presente e nos anos que se seguirão.
Identificar e encontrar melhores respostas para a vida futura dos Açorianos é sempre oportuno.
Foi justamente isso que se passou na iniciativa do último fim de semana. É o que certamente se vai passar nas outras iniciativas que se seguirão no exercício de “Pensar a Autonomia do Futuro”.
É um bom serviço que se presta aos Açores.