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Quando um corvino, para chegar à ilha Terceira, encontra passagens a mais de 250 euros temos de concluir duas coisas. A primeira é de que a política de desenvolvimento dos transportes da última década não conseguiu fazer uma opção pelo desenvolvimento dos Açores, tendo em consideração a necessidade de criação de um mercado interno, não apenas na circulação de produtos, aliás também não conseguida, mas também na necessidade de nos podermos movimentar dentro da região!

A segunda conclusão é mais abrangente, mas não menos importante: Os Açores – passados quarenta anos de democracia e com a última década e meia de um governo brindado por uma avalanche de oportunidades, traduzida em milhares de milhões de euros – continuam a não conseguir virar-se para dentro, isto é, a não conseguir dar a um corvino ou a um micaelense a oportunidade de criar riqueza dentro da região, maximizando o que é nosso, potenciado com o que cada ilha tem de único!

Se nas mercadorias continuamos a ter mais dificuldade em negociar bens transaccionáveis dentro da região do que com o continente, corremos, em breve, o sério risco de ser mais barato viajar para fora da região do que dentro dela.

No caso do preço das passagens aéreas inter-ilhas, para residentes mas também para quem nos visita, o governo regional é o único responsável por esta situação ainda ser obstáculo ao desenvolvimento dos Açores. A verba destinada para o serviço público de viagens inter-ilhas inscrita em orçamento regional é, para 2014, de 19 milhões de euros, cerca de metade do que o orçamento dos Açores irá despender este ano com as rendas das PPPs regionais (36 milhões).

Todavia, foi este governo quem fez a opção do tipo de aviões de que a região precisava para, por um lado, enfrentar o isolamento e as desigualdades que ele gera, mas também para potenciar a mobilidade e a economia internas.

Agora, ao que parece, os aviões dos açorianos são grandes e para não andarem vazios teve de se reduzir o números de viagens para não aumentar, ainda mais, o buraco que vai empurrando a companhia bandeira da região para dias cada vez mais difíceis.

Mas se a viabilidade económica da SATA é importante, a viabilidade da região, enquanto região económica, é ainda mais relevante e urgente.

A propósito do preço das viagens entre ilhas dos Açores, o Secretário Regional dos Transportes afirmou no Parlamento que: “Não se podem esbanjar dinheiros públicos e criar rotas e circuitos sem viabilidade económica”.

Vítor Fraga está bem imbuído do espírito dos governos PS da última década. Se a viabilidade económica é critério de serviço público de transportes aéreos, bem podemos esperar sentados pois não voamos para lado nenhum.

Com esta forma de olhar para o desígnio de unir os Açores e criar mercado interno, certamente vai continuar a ser normal ter tarifas aéreas proibitivas.