1. A não inclusão da ampliação da pista do aeroporto da Horta no plano de investimentos da ANA, agora privatizada, não me surpreendeu. Discordo dela mas sempre pensei que se a ANA – empresa pública – não fizesse este investimento muito mais dificilmente o faria quando fosse privatizada. Para mim, agora como no passado, a decisão de se fazer ou não este investimento é, em primeiro lugar, política. Ou melhor: de vontade política.
O histórico deste e de outros investimentos da responsabilidade da República na Região, prova que este tipo de decisão carece do empenho do Governo Regional. Foi assim com as obras da pista e da aerogare do aeroporto de Ponta Delgada, com as obras da aerogare do aeroporto das Flores e até com a construção das instalações do DOP na Horta. Apesar de serem investimentos da responsabilidade da República, o Governo Regional entendeu-os, e bem, como importantes para a Região e envolveu-se neles de forma efetiva e possibilitou a sua concretização.
Ora aqui não é diferente e o Governo Regional tem de assumir um de dois caminhos: ou entende que este investimento não é importante e estratégico e com coragem afirma-o aos Faialenses e, deixa-se de uma vez por todas de hipocrisias; ou então acha que ele é efetivamente estruturante e estratégico e, coerentemente, envolve-se nele de forma efetiva e lidera-o.
2. O nosso principal problema é que o Governo Regional não está plenamente convencido das mais-valias deste investimento e é permeável e sensível a outros interesses regionais que não querem a ampliação da pista do nosso aeroporto.
Ainda não há muito tempo o desenvolvimento do Faial foi vítima desse mesmo tipo de interesses quando o novo cais do porto da Horta foi reduzido em relação ao que estava inicialmente previsto. Esta redução não foi motivada por razões financeiras mas sim porque houve quem não quisesse criar aqui condições para receber grandes cruzeiros turísticos.
Basta estarmos atentos para percebermos que esses e outros interesses continuam a trabalhar para atingir os seus legítimos objetivos.
Há nos Açores quem quer alterar o modelo de transportes aéreos e diminuir o número de Gateways. Há quem aparentemente pretende que voltemos ao tempo em que para sairmos e entrarmos nos Açores tínhamos de passar por uma determinada ilha e, que preferencialmente, pernoitemos nela para contribuirmos para encher as suas unidades hoteleiras e os seus restaurantes.
Não há dúvida que os diversos governos da República e a ANA têm sido grandes adversários deste investimento mas não são os únicos. Há adversários desta obra nos Açores e não podemos nem devemos ignorar isso nesta luta.
3. Infelizmente o Faial não tem tido força política e económica para contrariar este tipo de interesses e impor este investimento ao poder regional. Precisamos de uma estratégia local fundamentada, persistente e consequente e precisamos de quem a lidere.
Não basta afirmar que este investimento é importante. Essa importância há muito que devia estar alicerçada e quantificada num estudo tecnicamente fundamentado. Lembram-se da estratégia que alguns montaram para impor as plataformas logísticas!
Saibamos todos montar essa estratégia e agir de forma coordenada e com eficácia e consequência. Estou disponível para essa luta!