É um facto que a posição geográfica dos Açores tem merecido, ao longo dos tempos, o interesse mundial por razões económicas, militares, científicas e tecnológicas. Atualmente encontra-se em estado latente, mas não era assim, pois os Açores fizeram parte da primeira globalização, da qual Portugal foi pioneiro.
O nosso lugar no planeta é uma condição que desperta a atenção da “política geográfica” global, motivo pelo qual os Açores estão referenciados no mapa-mundo por grandes potências, blocos ou grupos de países, como fazendo parte de uma atual ou futura estratégia.
Concordamos todos que a posição geoestratégica e geopolítica do Arquipélago pode continuar a ser um valor e um ativo no âmbito científico, tecnológico e para facilitar as trocas comerciais em atuais e futuros acordos comerciais da União Europeia à escala global.
Existem novas dimensões da importância estratégica dos Açores que facultam um amplo campo de possibilidades no domínio científico e tecnológico como sejam nas alterações climáticas, no ambiente, nas energias renováveis, nos fluxos migratórios, no agroalimentar, na astrofísica, no aeroespacial, na oceanografia, na vulcanologia, na sismologia, no controlo e vigilância marítima e aérea, entre outras.
Nestas e noutras temáticas os Açores podem ser um laboratório privilegiado para a investigação e a experimentação.
Importa dizer, em especial, que a União Europeia possui uma repleta agenda de futuras negociações comerciais multilaterais e bilaterais, muitas das quais com vista à liberalização do comércio que em paralelo podem fazer surgir pontes culturais, aliás podemos assistir ao renovar de velhas alianças culturais. Os Açores sempre estiveram nestas rotas culturais, que estão adormecidas.
São negociações que englobam a Organização Mundial de Comércio (OMC) e Países Terceiros, como o Canadá, Países ACP (África, Caribe e Pacifico), Países Euromediterrâneos, Países do Conselho de Cooperação do Golfo, Líbia, Ucrânia, India, Países da Associação de Nações do Sudeste Asiático e Países do MERCOSUL.
Acordos à escala global que se fazem acompanhar de um crescimento ao nível dos transportes e, desde logo, a centralidade dos Açores cria oportunidades estratégicas no domínio de várias potencialidades relacionadas com a navegação comercial aérea e naval. E aqui, não devemos perder de vista as novas definições associadas ao Atlântico.
Cabe, também, à União Europeia valorizar todos os seus territórios, pelo aproveitamento das suas potencialidades em benefício das suas populações.
É preciso, para tudo isto, uma política de relacionamento externo que posicione os Açores no âmbito do investimento Europeu e Mundial, com o sentido de ocuparmos um lugar no futuro que deve ser preparado no presente.
Estou certo de que a nossa valência geográfica em muito pode contribuir para o desenvolvimento da Região pela criação de riqueza e emprego, pela atratividade central no Atlântico que detemos e pela internacionalização da economia Açoriana.