Se há coisa que qualquer indivíduo compreende e aceita com normalidade é a Natureza, com toda a sua beleza e esplendor, mas também com toda a sua fúria e destruição.
E apesar de estarmos sempre esperançosos de que nas intempéries que, volta e meia, nos atingem, nada de substancial venha a acontecer e que tudo passe naturalmente, devemos sempre usar do bom senso e da prudência.
Mas se isto vale para a generalidade das pessoas, há alguns que teimam em não perceber que de nada serve enfrentar os desígnios do clima, do seu estado e da sua força destruidora.
Vem isto a propósito de duas obras que provavelmente serão, no futuro, como que uma “conta rendimento”, para quem venha a assegurar a sua manutenção ou arranjos.
Falo concretamente da obra da Marginal da Rochela, e da obra nas Piscinas do Carapacho, ambas na ilha Graciosa.
Em ambas estas obras os seus promotores foram sobejamente avisados sobre as fúrias que, de vez em quando, o mar tem e que coisas feitas sem cabeça tronco e membros junto à orla costeira podem acabar a gerar mais despesa do que benefício.
Mas há aqueles que tudo sabem, tudo o que lhes é dito por quem os avisa é maledicência e tudo o que vá contra a sua opinião tem sempre o mesmo destino nas suas mais que soberanas vontades: O desprezo!
Mas a Natureza não se compadece com reizinhos de trazer por casa nem com obras que a desafiam. E, à mínima oportunidade, faz o que habitualmente faz, e que é destruir o que se põe ou é posto na sua frente.
Nos casos que citei da Rochela e Carapacho é precisamente isso que está a suceder.
Para além do masoquismo escondido na teimosia de quem em tudo manda mas que é ignorado pelos desígnios do clima terrestre, existe ainda a habitual falta de responsabilidade por parte de quem está apenas habituado a gastar o dinheiro dos outros.
É que podem reparar estas obras, na sua feição original, as vezes que quiserem, que o mar não irá dar tréguas a tanta estupidez e, no final, lá virá mais uma despesa que, obviamente, será paga pelos contribuintes. No caso do Carapacho, será paga pelos contribuintes dos Açores, na obra da Rochela, serão os Graciosenses a pagar.
Talvez seja para isto que tanta falta faz o IRS que a autarquia da Graciosa voltou a cobrar aos seus munícipes!