Certificar 1 – Termalismo
Tudo o que seja mais do que uns metros cúbicos de betão ou um tapete de alcatrão, o Governo Regional baralha-se todo. É mais ou menos assim: naquilo que não há muito que saber, a “coisa escapa”. Quando se põem a inventar não acertam uma.
Exemplos não faltam: foi a concessão do jogo e o Hotel Casino; foram os ferries Atlântida e Anticiclone; foi a Marina da Portas do Mar ou as Termas que constituíam a aposta na captação de “turistas reumáticos” ou daqueles que procuram férias de saúde e bem-estar.
O jogo deixou-nos um mamarracho em plena Marginal; os “barcos” nunca chegaram; a Marina das Portas do Mar, na falta de condições de segurança, é poiso para gaivotas e as Termas … nem uma funciona.
Se fosse com o dinheiro deles … tínhamos pena mas não era nada connosco. Mau mesmo é que tudo aquilo foi (mal) feito com o nosso dinheiro.
É voz comum dizer-se que o Estado (aqui é a Região) é um péssimo “dono de obra”. Encomenda projetos que não os sabe analisar; adjudica empreendimentos que não sabe fiscalizar, … e quando, chegada a hora de funcionarem, não funcionam, ninguém é responsável.
Para o caso, depois de gastos 20 milhões nas Termas das Furnas e Ferraria em S. Miguel, Carapacho na Graciosa e Varadouro no Faial, estão todas encerradas. Anedota é quando o Secretário do Turismo diz que quer fazer a “certificação da Termas”. Certificar? Só se for tanta aselhice? Digo eu!
Certificar 2 – “Gestão de Projetos”
Com parcos recursos, os nossos antepassados tiveram a arte e o engenho de aproveitar os recursos termais mas nós conseguimos estragar tudo.
Abusamos da incompetência na gestão de projetos. Fiz a 1ª parte da minha vida profissional como “gestor de projetos” na EDA. Não nos passava pela cabeça que uma central hidroelétrica ou termoelétrica, quando chegasse ao momento de funcionar, não funcionasse.
Desde o planeamento ao projeto, desde a adjudicação à construção, passando pela fabricação dos componentes para incorporar na infraestrutura, tudo era (e é) fiscalizado ao pormenor.
Com uma empresa ao pé da porta, que executa a chamada “gestão de projetos” tão bem como as melhores da Europa, não há desculpa para tanto disparate.
E não insistam em nos tomarem por tolos. Mais facilmente chegam a Marte do que certificam serviços que nem conseguiram pôr a funcionar!
Certificar 3 – RTP/Açores
Até podia ser enredo de novela … mas os factos da “vida real” na estação pública de televisão são assim: vive com enormes constrangimentos financeiros e precisa de investimentos que a República não quer fazer, não só porque não têm dinheiro, mas igualmente porque o centralismo habitual gasta tudo em Lisboa. E se partilhássemos as responsabilidades e os custos, propôs o PSD/Açores?
Nem pensar, dizia o PS/Açores no final da legislatura passada. Depois, na campanha das Regionais, defendiam uma empresa 100% pública e 100% regional. No início deste ano admitiam 51% da Região e 49% da República e agora Vasco Cordeiro acha que não importam as percentagens e está disponível para analisar qualquer solução.
Na Assembleia Regional José Andrade resumiu assim a evolução: “foi uma entrada de leão e uma saída de Cordeiro”. Bem caçado!
Certificar 4 – 2013
Ficamos mais fortes quando saltamos os momentos onde a aflição se mistura com a angústia de uma agonia. Se 2013 foi uma prova de obstáculos, tanto individual como coletiva, não fomos capazes de acudir àqueles que tropeçaram no desemprego. 21545 açorianos desempregados é a prova de que os discursos são uma coisa e a realidade é … assustadora!