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Na semana passada, o debate do Orçamento para 2014 foi um momento clarificador, onde se fez o balanço do primeiro ano do governo de Vasco e Ávila.

Referimos o nome de ambos, e não apenas do segundo, porque Vasco decidiu vir a terreiro. Até aí, em mais de 365 dias, o protagonismo tinha sido de Ávila, ou não fosse ele o verdadeiro “mestre” do poder governativo. O detentor de um vasto conjunto de áreas sob sua tutela, onde se incluem as pastas de maior peso e o controlo sobre todas as outras.

Diríamos mesmo que ao seu controlo não escapa a presidência do governo, que praticamente se tem restringido à guarda de um palácio de audiências, recepções e Picos de Honra.

Um governo com um presidente efetivo, em que o outro “presidente” se limita a exercer um cargo honorífico.

Talvez por se sentir num papel secundário, Vasco resolveu sair da casca no debate orçamental. Tentou exercitar a sua veia teatral, onde revelou ser exímio nos já acrescidos anos em que está no exercício da atividade política, mas em que o último ano se caracterizou como um verdadeiro ano de sabática.

Vasco veio a terreiro, mas mostrou-se destreinado. Perdeu a mão, dada a falta de prática do último ano. E veio mal-disposto.

Sentiu que a oposição, como lhe compete no seu papel fiscalizador da atividade do governo, sinalizava os compromissos assumidos que se transformaram em compromissos desaparecidos ou esquecidos. E entendeu falar. Logo no primeiro dia do debate.

Mas a azia levou-o a dizer verdadeiros dislates, para quem se afirma como democrata.

Foi grande a surpresa, diga-se de passagem. Mas a verdade é que falou a título de “início de hostilidades”. Sim, de hostilidades, pois foi desse modo que se apresentou para um debate que pretende ser, em qualquer lado do mundo, um momento em que a democracia faz valer as suas virtualidades.

A má disposição deu lugar à desconsideração do PSD/Açores e dos Açorianos que nele votaram. Disse que era irrelevante para a discussão dos documentos orçamentais, em virtude dos resultados das últimas eleições legislativas regionais. Assim, sem mais nem menos. Grande concepção de democracia aquela que demonstrou. Tamanho deslize ou, se calhar, a demonstração de um verdadeiro estado de alma.

Naturalmente que a azia de Vasco se transmitiu aos seus pares. E foi ver o rodopio de azedume que a partir dessa altura se instalou.
Durante os três dias de debate, bastou ouvir as sucessivas intervenções socialistas.

Naqueles três dias, vimos os socialistas a cardar na oposição. A encontrar desculpas para tudo, sem qualquer preocupação de caírem no ridículo. Mostrando que as suas políticas se transformaram em vícios. Criticando tudo e todos, onde não faltaram os parceiros sociais, que não se revêem nos documentos propostos pelo governo para suportar a atividade governativa no próximo ano.

Tudo isto, quando os Açorianos querem uma saída para as grandes dificuldades que estão a viver.

Em democracia, até não é problema que o governo considere a oposição como irrelevante. O verdadeiro problema da democracia é quando os governos se tornam arrogantes.

Foi esse Vasco que, finalmente, decidiu falar!