Percebi 1 – Sérgio Ávila
Então diz que o aumento da taxa de desemprego nos Açores não é resultado de “uma perda de postos de trabalho, mas sim de um aumento do número de pessoas no mercado”?
Vamos lá ver se eu percebi. Hoje são 21545 açorianos desempregados. Há dois anos eram 14171. Certo? Em dois anos o número de açorianos no mercado de trabalho (população ativa) aumentou 171 açorianos. Certo? Agora são mais 7374 açorianos desempregados. Certo?
E conseguiu dizer (sem corar) que os 171 açorianos entrados no mercado de trabalho atiraram para o desemprego 7374 concidadãos?
Assim de repente, não conheço nenhum desses 171 açorianos, mas imagino o remorso individual, quando, segundo o nosso Vice-Presidente, cada um deles foi responsável por 43 açorianos que ficaram sem emprego.
Caro Sérgio Ávila, salvo melhor opinião superior, sugiro que quando tiver de reagir a números ou temas que lhe são incómodos … não nos trate por tolos. Primeiro, porque os açorianos de tolos não têm nada; depois, porque há muitos concidadãos a passar por enormes dificuldades para pôr comida em cima da mesa; por fim, acredite que excetuando uma doença grave, o pior que pode acontecer a uma família é ver algum dos seus perder o emprego.
A última coisa que um desempregado quer é ouvir desculpas tontas ou ser insultado (quanto às suas capacidades mentais), já que a primeira que espera (e desespera) é que o governo crie condições para rapidamente recuperar um emprego.
Só mais uma coisa! Lembra-se daquilo que disse no dia 7 de Agosto? “O governo está empenhado em conseguir que os muitos açorianos que ainda estão desempregados possam, em breve, ter a alegria de também conseguir o seu trabalho”.
Podia agora ter dito o mesmo! Na altura os números do desemprego eram mais “simpáticos”, mas se fizesse uma pesquisa no Google, com as palavras “Sérgio Ávila desemprego”, agora dizia tolices.
Percebi 2 – Vasco Cordeiro
“O aumento da taxa de desemprego no arquipélago exige uma análise cuidada para perceber a sua origem”. Com esta afirmação sensata Vasco Cordeiro corrigiu Sérgio Ávila. Estava eu pronto para elogiá-lo quando ouço Cordeiro a dizer que “os Açores estão no bom caminho”.
Oh pá! Vamos lá ver se eu percebi: quando tínhamos 14171 desempregados o governo dizia que estava “preocupado”; passado um ano, quando subiu para 18605, estava “muito preocupado”. Agora, quando temos 21545 … “estamos no bom caminho”?(!!!) Acho que já percebi. O Presidente diz o que Vice manda dizer!
Percebi 3 – Emprego
Não há uma receita mágica para criar emprego … mas há só uma maneira de criar emprego sustentável: criando riqueza. É verdade! Não é ao governo que compete criar riqueza, mas enquanto não se assumir como “facilitador” da dinamização da economia, na melhor das hipóteses estagnamos, na pior, criamos pobreza … e mais desemprego.
O desemprego disparou no 3º trimestre. Em contraciclo com a diminuição da taxa de desemprego nacional, aqui aumentou para 17,7%. O péssimo sinal é que aumentou num trimestre em que habitualmente diminui, consequência de algum emprego sazonal no turismo e na agricultura. Conclusão: o pior ainda está para vir!
Percebi 4 – Álvaro Cunhal
Ignorante para escrever sobre Cunhal, transcrevo um excerto do texto de Margarida Carvalho (Visão): “Cioso da sua privacidade, e do sentido de verdade, nunca foi homem de paredes de vidro. Rejeitava o culto da personalidade, sempre recusou colocar uma fotografia sua em cartazes eleitorais, não gostava de montras mediáticas, não expunha as companheiras, nem a filha, nem os netos. (…) Recusando o culto, reforçou-o (…)”. Resta-me uma dúvida: Cunhal foi um exemplo … ou é um mito?