O governo regional dos Açores tem vindo a colecionar participações em empresas que eram privadas e que de forma direta ou indireta passaram para a esfera pública.
Com essa passagem aumenta o peso do Estado na economia açoriana e, infelizmente, aumenta a ineficiência económica da região por uma razão simples, o Estado gere mal.
Se bem que se possam entender os motivos dessas participações, para além da criação de mais alguns lugares para colocar “camaradas” de partido, consegue-se evitar o encerramento.
Porém, situações pontuais não devem tornar-se método e muito menos crónicas. Admitimos uma participação temporária e com claros objetivos de segurar a economia e o emprego, mas não é isso que está a passar- se. Nomeadamente em empresas que não são estruturantes para a economia açoriana nem permitem, pela sua pequena dimensão, serem consideradas instrumentos de política económica.
Na verdade, os anos passam e as empresas intervencionadas continuam a acumular prejuízos e divida sem que haja uma estratégia de devolvê-las ao mercado. Justificam-se maus resultados com participações de participações, justificam-se prejuízos porque as empresas produziram mais a custos mais altos, caso para questionar se o melhor não seria pagarem ordenados e não produzirem nada.
Perante este cenário é urgente ter um modelo que permita à região não continuar a suportar ineficiências e desperdícios. Um problema cresce com o tempo e não é por ser negado que deixa de existir. Até podia haver externalidades positivas que justificassem tal trapalhada mas, que se saiba, isto nunca foi quantificado nem parece ser preocupação de quem nos dirige.
Não podemos admitir o fecho puro e simples de algumas destas empresas mas temos que exigir que sejam estudadas e viabilizadas.
Não podemos ter prejuízos crónicos superiores aos salários pagos nessas empresas, sob pena de um dia concluirmos que seria mais eficiente pagar aos trabalhadores para nada fazerem. Mais tarde ou mais cedo a verdade vem sempre à tona e quanto mais tarde mais azeda será!
É importante ter uma estratégia de saída do capital dessas empresas dando oportunidade aos privados para lá entrarem, procurando parceiros estratégicos com capacidade para gerir os setores em causa. Não vale a pena pensar que o problema não existe e a maquilhagem tem sempre um dia que ser limpa.
No fim quem pagará toda a ineficiência são sempre os mesmos, os contribuintes. Os contribuintes são todos nós! De nada servirá culpar o governo central, o tempo ou as estrelas!