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Para quem não se lembra critiquei o Eng. Sócrates quando o seu governo mandou fechar maternidades por todo o país. Fi-lo não por razões técnicas, mas sim por razões estritamente económicas, no sentido não da conta de exploração do serviço nacional de saúde, mas sim da economia onde esses serviços se inserem.

Portugal tem um problema de desertificação grave no interior, se de lá retirarmos serviços públicos, sejam eles quais forem, estamos a agravar esse problema, o que é um erro pois devíamos estar a motivar as pessoas para aproveitarem o potencial do mundo rural em Portugal. Devíamos incentivar o movimento contrário. Verdade seja dita, o governo da República tem feito um esforço nesse sentido, o exemplo mais recente é a criação da bolsa de terras.

Infelizmente aqui nos Açores parece que está tudo paralisado nessa matéria, falou-se da floresta açoriana como uma grande medida para criar centenas de empregos e, até agora, foi só uma boa intenção abafada pelas dezenas de medidas anunciadas a granel e postas em prática em “fio de azeite”. Tenho pena que assim seja!

O que se passa na saúde nos Açores vem no seguimento da política de racionalização socrática. Pretende-se racionar o acesso dos açorianos aos serviços de saúde fechando centros de saúde, urgências e especialidades por todas as ilhas. Argumenta-se com questões técnicas da medicina que parece que só surgiram com o aperto financeiro.

Mas mais grave do que isso tenta-se condicionar os atos médicos impondo plafonds de utilização de materiais e medicamentos, prometendo-se prémios monetários a quem ficar abaixo de determinado nível de utilização. Tudo isto é eticamente reprovável e economicamente duvidoso. Pergunta-se todas as medidas de racionalização, que não impliquem a perda de qualidade e acessibilidade parta os doentes já foram tomadas?

Alguém já fez as contas dos custos económicos indiretos se estas medidas avançarem? Alguém já pensou no efeito prático de desertificação em muitas das nossas ilhas que há anos perdem população, sem que haja uma política publica de combate a este flagelo? Alguém já pensou nos custos sociais e económicos de um médico trabalhar condicionado?

Muita gente pensa nisso mas há um sentimento de resignação na sociedade açoriana. A apatia pode gerar uma agressividade passiva que deve ser evitada a todo o custo.