Segundo o que consta já o meu bisavô dizia que a região tinha um grande potencial para o turismo. Mas, ao contrário de agora, havia quem pensasse o turismo com pés e cabeça, os exemplos de boas praticas no setor nessa época são ainda hoje visíveis.
Talvez o hotel Terra Nostra seja o melhor exemplo de um produto bem pensado, bem executado e, sobretudo bem enquadrado. Ainda bem que se mantém, remodelado e, segundo se sabe, cheio de sucesso. É uma pena já não termos o Hotel S. Pedro que era um motivo de orgulho para todos os micaelenses que lá deixavam, envaidecidos, os hóspedes da terra.
De há quinze anos para cá as políticas públicas mataram o turismo que desejamos e precisamos. Deliberadamente deram-se estímulos à edificação de mega estruturas hoteleiras que ficaram sempre entre o segmento de negócios e o segmento de lazer. Como resultado nem uns nem outros se sentem lá bem.
A opção por essa política tem como responsáveis os atuais governantes da região que deram sinais e orientaram os investidores particulares para um modelo pouco pensado e nada estruturado. Pensaram que qualquer coisa servia! Pois, não foi assim. Essas politicam erradas e despropositadas têm como expoente máximo o Hotel Casino que devia ganhar o premio mundial da ineficiência, pois parece que ninguém consegue resolver a confusão que lá está instalada. Agradecem os ratos que lá se reproduzem!
Perante a catástrofe que é o desemprego na região o fomento do turismo é a forma mais rápida de criar empregos. Porém o governo torna a falhar redondamente criando associações, associaçõezinhas, departamentos e departamentões que gerem milhões e colhem tostões sem terem uma visão integrada do desenvolvimento do turismo, mais grave entregando o poder a pessoas que o que sabem de turismo é, quanto muito, enquanto clientes de viagem de grupo.
É urgente olhar esta questão de forma estrutural, fazendo contas ao dinheiro, tendo um plano de médio prazo eficaz (não servem de nada cinco táxis com publicidade em Londres) e não andar ao sabor de ventos instáveis com avanços e recuos. Atrevo-me a pensar que a culpabilização do transporte aéreo no falhanço do turismo tem sido útil a muita gente, inclusivamente ao governo que, desta forma, consegue desviar a culpa das suas próprias opções. Devemos lembrar que o governo regional é o mesmo há dezasseis anos e que este governo está a colher os furtos da sua própria sementeira.
Ainda havemos de ver o atual governo regional a justificar o falhanço do turismo com alguma coisa que o governo central tenha feito. A culpa ainda será dele, do primeiro-ministro! Ainda mais agora que há eleições autárquicas e não há como justificar o sofrimento que começam a infringir à população mais rural e desprotegida da região, sofrimento disfarçado com “ racionalização” e atribuição (ainda bem que não vão acumular mais esta dívida) de subsídios a correr.