Quem 1 – Discurso do PR
No 25 de Abril, não ouvi o discurso do Presidente da República em direto, mas logo a seguir os noticiários começaram a debitar o coro de críticas que juntaram o PS e a extrema-esquerda. O que é que ele terá dito … que os “endoidou”? Do PCP e do Bloco não estranhei. Esses criticam sempre. E o PS?
Fui à página da Presidência da República, consultar a versão integral do discurso, … e percebi logo.
Há mês e meio a berrar que querem eleições antecipadas, os socialistas não gostaram quando Cavaco Silva disse que “Portugal não está em condições de juntar uma grave crise política à crise económica e social em que está mergulhado. Regrediríamos para uma situação pior do que aquela em que nos encontramos”.
Obviamente! A instabilidade política, numa altura em que já cumprimos dois terços do programa de ajustamento, seria “deitar por-água-abaixo” a maior parte dos sacrifícios dos portugueses.
Mesmo num cenário de vitória socialista, todas as sondagens indicam que o PS está muito longe de uma maioria absoluta, obrigando-o a fazer coligações.
Se excluem coligações com a extrema-esquerda, que nem quer ouvir falar da Troika, restará coligarem-se com os PSD e/ou o CDS, que, segundo eles, são a principal razão para haver eleições antecipadas.
Tal como a “pescadinha”, os socialistas querem eleições para tirar o PSD e o CDS do governo mas, sem maioria absoluta, não tinham outro remédio senão governar com o PSD e/ou o CDS. É ou não é? É essa a resposta que o PS não sabe responder, … simplesmente porque não tem resposta.
O Presidente interpretou o sentimento maioritário dos portugueses. Mesmo com falhanços nas previsões económicas, com a recessão e um desemprego assustador, como referiu no discurso, Cavaco, tal como a maioria dos portugueses, acha que “ (…) para pior já basta assim”!
Quem 2 – A “unidade” no PS
Vi o Congresso Socialista aos bochechos. Mesmo assim registei a quantidade de vezes que repetiram a palavra “unidade”.
Normalmente desconfio daqueles que repetem, “a miúde”, que são sérios. Quem é sério, é sério … não precisa repetir-se.
Daquela unidade eu também desconfio. Vai durar até os socialistas perceberem que, nem com a impopularidade da maioria PSD/CDS, Seguro faz o PS descolar nas sondagens. Vai durar até às eleições autárquicas, porque naquele congresso era esmagadora a presença de candidatos a câmaras, juntas, assembleias municipais e de freguesia. Vai durar até interessar. É sempre assim!
Quem 3 – Carlos César
Quando José Seguro discursava no encerramento, lembrei-me várias vezes de Carlos César. Há meses, no congresso dos socialistas açorianos, César disse que “José Seguro é esforçado mas faltam os resultados”.
Na altura, pareceu-me uma maldade em “estado puro” … do tipo, “é bom rapaz mas não chega lá”. A luta pela liderança entre Seguro e Costa estava no “ponto-rebuçado” e César nunca escondeu que prefere Costa.
Ontem confirmei que César tem razão. A Seguro falta-lhe aquilo a que os açorianos chamam … “categoria”!
Quem 4 – “Cartas de amor”
“As cartas de amor são sempre ridículas”. A meio do Congresso, Pedro Silva Pereira, o fiel depositário da cartilha de Sócrates, citou Fernando Pessoa para desvalorizar a carta do Governo a convidar o Partido Socialista para conversarem.
Mas o Poeta também escreveu que “as cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas”. E não dou “dois dias” para Seguro responder … em papel perfumado e tudo. Ele é um “romântico”. Até pediu maioria absoluta!