A Islândia tem ganho uma importância muito superior ao seu peso relativo na economia europeia. É um país com 319.000 habitantes, com PIB per capita de $ 38.000, sensivelmente o o dobro de Portugal, tem como principais parceiros comerciais a União Europeia, porém teve um papel central no desenrolar na crise financeira que antecedeu a profunda crise económica que afeta a Europa.
Este pequeno país estava num processo de negociações para entrar para a União Europeia e, até, para adotar o euro como moeda. Ontem o seu novo governo, constituído pelos partidos que estavam no poder quando o país faliu, desistiu do processo de adesão ou, melhor, suspendeu.
Em termos práticos a não entrada da Islândia para a União Europeia não tem qualquer importância económica para a Europa. Em termos políticos é um péssimo sinal porque significa que a Europa deixou de atrair países com interesse.
Esta é uma clara consequência do estado a que a Europa política chegou e o passo seguinte é haver países dentro da União Europeia que deixem de reconhecer valor à opção de estarem dentro.
O caso mais perigoso é o do Reino Unido porque é uma grande potência não só europeia mas também mundial, é verdade que sempre olharam para a Europa com uma desconfiança “insular” muito apoiada na visão globalmente abrangente do império britânico, no fundo os restos desse império, consubstanciados na Commonwealth, permitiram ao Reino Unido desconfiar de forma mais ou menos formal da Europa. Desta forma tiveram sempre uma alternativa à Europa que souberam cultivar.
Se a Europa não precisa muito da Islândia, precisa do Reino Unido por muitas razões e uma das principais é a relação que o Reino Unido tem com os países da Commonwealth que representam cerca de dois mil milhões de pessoas. Se a Europa soubesse aproveitar todo esse potencial teria com toda a certeza uma vida mais facilitada a que poderíamos juntar a CPLP.
Na verdade há quem comece a ver no Reino Unido um possível líder das economias do Sul, não só pelas relações históricas com alguns países, veja-se Portugal, como também pela forma característica que os britânicos têm em aceitar a diferença como parte integrante da sua própria maneira de estar no mundo.
Os britânicos aceitam muito bem a diferença ao contrário da Europa continental, principalmente a Alemanha, que tenta formas de domínio mais ou menos descaradas, compare-se por exemplo os estatutos do Banco Central Europeu com os do Bundesbank, são muito semelhantes o que na prática fez com que toda a Europa aceitasse o marco alemão como moeda.
Veremos o que nos traz o futuro da velha Europa com a certeza, porém, que alguma coisa tem que começar a mudar.