Eram cerca das 10 horas da manhã de Domingo de Ramos quando recebo um telefonema do Presidente da Lactopico a informar-me que a Direção da Lactopico (recentemente eleita), estava demissionária desde a última Sexta-Feira.
Claro que fiquei boquiaberto, mas após ouvir escassas explicações, percebi que esta Direção demissionária, tinha percebido, aquilo que eu já havia suspeitado. Ou seja, que o teor do Protocolo que o Governo há poucas semanas havia firmado com os dirigentes da Lactopico, não era tão interessante como isso, infelizmente.
Sem saber, para já, de mais pormenores que rodeiam este novo revés em volta desta Cooperativa e da situação grave porque passam os produtores e funcionários(as) da mesma, acredito que o desânimo instalado e a difícil conjuntura ali criada levaram estes Dirigentes a bater com a porta.
Resta saber, a um bater de porta contra quem?! Contra eles próprios?! Contra quem os conduziu a esta situação?! Contra o Governo?! Não sei. Só sei que a Lactopico é uma indústria muito importante para o Pico, da qual depende a vida de cerca de 100 famílias e que a mesma fechando as portas se traduz numa grave crise para a economia da ilha.
Como se chegou aqui, parece que já muitos chegaram a uma conclusão, contudo, continua-se a carregar sobre a “cruz” que colocaram nos ombros dos produtores, numa tentativa de “lavar as mãos como Pilatos”, e a incentivar o “caminho para o Calvário”.
Continuo a pensar que uma vez criada a situação, só havia uma solução: o Governo assumir a sua mea culpa em todo este processo e sanear parcialmente o passivo desta indústria, irresponsavelmente aqui criado, com a própria cumplicidade do Governo, e estabelecer então, paralelamente, um programa de recuperação global, mais suave e realista do que aquele que foi imposto pelo protocolo assinado e pelas orientações que a Comissão Técnica de acompanhamento nomeada pelo Governo quer agora impor. Esta era a proposta do PSD-Açores, que foi assumida pela Dra Berta Cabral, em campanha eleitoral.
Mas, como foi o PS que ganhou as eleições e depois da resposta que o atual Presidente do Governo Vasco Cordeiro me deu no Parlamento, em altos gritos, de que o Governo não injetaria nem mais um euro na Lactopico, nem passaria mais cheques à Lactopico, não vislumbro como se sai daqui.
De qualquer modo, nem eu, nem o meu partido que perdeu as eleições, sentem responsabilidades neste processo, nem é que tem de resolver este problema, porque também não fomos nós que o criámos. Tenho muita preocupação sobre o que se está a passar e, sobretudo muita pena das dificuldades porque passam as famílias que desta indústria dependem, mas mais não posso fazer do que estar ao lado deles e tentar apelar á consciência de quem considero que pode e deve apoiar mais do que diz estar disposto a fazer, ao Governo Regional e a Vasco Cordeiro.