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1. Não fiquei nada surpreendido com a agora conhecida posição da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) sobre a redução de “Gateways” nos Açores, transmitida, em Maio de 2012, à Comissão de Economia e Obras Públicas da Assembleia da República.

Não fiquei surpreendido porque há muito que venho acompanhando a defesa, de pelo menos uma associada da CCIA, em reduzir para duas o número de “Gateways” nas ligações entre os Açores e o Continente. Ou seja: para alguns a melhoria das acessibilidades aéreas passa por voltarmos ao tempo em que para entrarmos e sairmos dos Açores tínhamos todos de fazê-lo por Ponta Delgada ou pela Terceira.

O que é absolutamente lamentável é a conivência expressa ou tácita da Câmara de Comércio e Indústria da Horta (CCIH), ou do seu Presidente à altura, que apoiou ou permitiu pelo seu silêncio que tal posição fosse avante.

Registo, por isso, com particular satisfação a rápida e objetiva tomada de posição da atual direção da CCIH manifestando-se contra aquele parecer e contra a diminuição do número de “Gateways” nos Açores.

2. Se ao nível do transporte aéreo há quem defenda este caminho perigoso que, a concretizar-se, acentuará ainda mais as diferenças de oportunidades entre açorianos, conforme a ilha da sua residência; ao nível do transporte marítimo de mercadorias entre os Açores e o Continente as coisas já vão bem mais adiantadas com vista à implementação das plataformas logísticas.

Aliás, o então Secretário Regional da Economia que avançou com essa legislação chama-se Vasco Cordeiro e é agora Presidente do Governo!

Por outro lado, os mesmos interesses que querem criar uma plataforma logística no Porto da Praia da Vitória, continuam, mesmo com base em estudos forçados, a lutar persistentemente pela potenciação daquele infraestrutura. Agora pretendem ali criar também uma plataforma logística internacional (Hub Atlântico) que sirva de centro de distribuição de carga que atravessa o Atlântico.

Discordo deste caminho que significará necessariamente um retrocesso no transporte marítimo de mercadorias entre os Açores e o Continente e que acarretará um grande prejuízo para o Faial e para as outras seis ilhas. Mas tenho que reconhecer a persistência e a coerência daqueles que vêm defendendo este caminho.

3. O caminho e a luta que outros assumem para tentar atingir os seus objetivos, são, portanto, conhecidos e visíveis.

O que infelizmente não conhecemos é a estratégia do Faial para defender os seus interesses. E permitam-me que através de um exemplo torne mais claro como uma instituição como a Câmara Municipal da Horta defende os nossos interesses.

Na sua última reunião pública, a maioria socialista apresentou um voto de congratulação sobre as referências feitas na Assembleia Regional, pelo Secretário Regional Vítor Fraga, à Escola de Marítimos. Recordo que a criação de uma escola deste tipo na Horta é uma promessa do PS das últimas regionais e que a sua concretização não consta do Plano e Orçamento do Governo para 2013 nem das Orientações de Médio Prazo 2013-2016, não havendo sobre ela uma única linha ou palavra.

Confrontado no debate na Assembleia, por um Deputado do PSD eleito pelo Faial, com essa omissão, o Secretário do Turismo e Transportes disse que “iremos implementar a Escola de Formação de Marítimos dos Açores” e que para tal isso não tem de estar previsto nos documentos orientadores da governação nem que precisava de dinheiro para fazer o que tinha de ser feito este ano.

Perante estas declarações, que pouco acrescentam ao que o PS disse em campanha, a maioria socialista na Câmara da Horta em vez de exigir clarificações sobre a concretização desta medida, entretém-se a apresentar votos de congratulação por declarações inócuas.

Enquanto nas outras ilhas as instituições, as forças políticas e mesmo os órgãos de comunicação social, unem-se no essencial para a defesa dos interesses da sua Terra, com estratégia e com persistência, aqui é uma instituição como a Câmara Municipal que se presta a exemplos tristes e patéticos como este apenas por subserviência e cegueira partidárias. E isso tem feito toda a diferença entre a força e a estratégia que vemos nos outros e o absoluto vazio que se verifica neste domínio no Faial.