Ver 1 – Justificações
Não vou cometer a maldade, como Carlos César fez com António Seguro, de dizer que Vasco Cordeiro “é esforçado … mas o problema são os resultados”. Até podia avaliá-lo pelos últimos 4, 8 ou 10 anos, mas, com rigor, só daqui a um ano é possível começar a medi-los. É esperar para ver!
No debate sobre o Plano 2013, as palavras mais utilizadas pela oposição foram: crise, desemprego, dívida, pobreza e fome. Já o governo e o PS preferiram repetir a palavra “República” para justificar aquilo que corre mal; “República” para desculpar aquilo que corre “assim/assim” e “República” para, na comparação, tentarem colocar os Açores do “lado bom” da crise.
Há uma velha máxima em política: “quem precisa de se justificar, … coloca-se do lado mais frágil do discurso político”. Mas com a abstenção anunciada pelo PSD, ao governo e ao PS não restou espaço para o contra-ataque.
As exceções foram Sérgio Ávila, na abertura do debate, e Vasco Cordeiro no encerramento. Experiente, Ávila percebeu que enquanto atacasse o governo lá de fora, safava-se de falar da crise cá de dentro. Inteligente e com dotes teatrais, Vasco Cordeiro atirou-se para a frente e para os 4 anos da legislatura. Sabe que “enquanto o pau vai e volta, … folgam as costas”.
Com surpresa, o elo mais fraco foi Piedade Lalanda. A Secretária da Solidariedade tinha tudo para brilhar. Com experiência parlamentar e conhecedora do setor, reagiu mal às críticas de Artur Lima e foi socorrida por Vasco Cordeiro.
Do lado mais forte esteve Victor Fraga (Turismo). Optou por gerir as expetativas, sem se comprometer com resultados. Do lado mais “ingénuo” esteve Luís Cabral (Saúde). Conhece da área, mas arriscou tudo logo no “1º round”. Prometeu “défice zero” na Saúde, já no final de 2013. É esperar para ver. Faltam só 9 meses!
Ver 2 – Notas de 0 a 20
Se tivesse que dar uma nota (arredondada pra cima) ao desempenho do governo no debate sobre o Plano, dava 11 à forma e 12 ao conteúdo. Piedade Lalanda estragou a média: notas 6 (forma) e 9 (conteúdo). Luís Viveiros (Recursos Naturais), quase não se lhe ouvia a voz: 8/11. Fagundes Duarte (Educação) entrou como quem ia “ver a bola”: 10/12. Victor Fraga (Turismo): 14/11. Luís Cabral (Saúde): 9/11. A média sobe com Sérgio Ávila (12/15) e Vasco Cordeiro (16/12).
Eu sei que sou “suspeito”. Vá lá, acrescentem mais um valor a todos eles!
Ver 3 – Abstenção do PSD
Desde 2004, defendo que o partido que perde as eleições deve abster-se no Plano do 1º ano da legislatura, mas, por um motivo ou outro, a “teoria” nunca vingou.
Desta vez foi! Acho que Duarte Freitas pensou bem. Votar “a favor” era trair todos os 35 mil eleitores que votaram no PSD e acreditaram numa alternativa. Votar contra era presumir que os eleitores que deram a maioria ao PS estavam todos enganados. A abstenção, por exclusão de partes, é também exigir que agora o governo cumpra aquilo que prometeu, com resultados … e sem desculpas!
Ver 4 – Sócrates e a RTP
Humor encarnado: Depois do convite da RTP a José Sócrates, “a Benfica TV decidiu convidar Vale e Azevedo para um programa de comentário desportivo” (in Inimigo Público). Retrata o vai na cabeça dos portugueses!
Humor negro: “O Eng. José Sócrates tem todo o direito de defender a sua imagem. Tem o direito de contrapor às acusações que são frequentemente feitas, aquela que é a sua versão da realidade” (Silva Pereira na TVI24). Retrata o que vai na cabeça de Sócrates: A RTP é melhor que o “TIDE tira-nódoas”!