É inegável que a Região se confronta com uma violenta crise económica, social e financeira. É igualmente indesmentível que se trata do período mais crítico que alguma vez atravessaram as famílias e empresas açorianas na era autonómica.
Pode dizer-se que a conjuntura internacional, que como sabemos atravessa há vários anos uma fase complexa, tem responsabilidade na degradação dos padrões de qualidade de vida dos Açorianos e no marasmo em que caiu a atividade económica nos Açores. São gravíssimas as consequências que reverteram para a prestação das empresas regionais.
Pode igualmente afirmar-se que a política de austeridade nacional, a que foi necessário recorrer devido à situação de bancarrota a que José Sócrates conduziu Portugal e que é essencial para repor a credibilidade do país, tem também uma quota-parte significativa das culpas.
Ninguém de bom senso poderá dizer o contrário. Não relevar tais factos e negar essas responsabilidades seria entrar descaradamente no reino da fantasia.
Mas descaramento e fantasia são características que não têm faltado à atitude do Governo Regional. Fingindo pôr a cabeça na areia, faz o papel de avestruz. Pretende circunscrever as culpas aos dois níveis antes referidos e nega qualquer responsabilidade com epicentro açoriano.
Mas então, o que dizer do facto de o desemprego atingir 20 mil lares açorianos, número dramático a que se chegou no final de 2012, sabendo-se que os Açores protagonizaram o maior crescimento entre todas as regiões do país?
E o que pode concluir-se do facto de a redução das receitas de impostos a nível nacional, onde se vive a situação crítica que todos conhecemos, ter sido menos gravosa do que a verificada a nível regional? E com uma diferença acentuada. O IVA, por exemplo, baixou receitas em 2% a nível nacional, enquanto nos Açores a quebra foi de 14.4%. E as do IRC, que em termos nacionais caíram 17.3%, desceram 42.5% na Região.
O Governo Regional tem por hábito disfarçar. Se houver atenção, contudo, acaba por ser desmascarado.
Recorrendo à sabedoria popular, bem pode dizer-se que é um caso em que “a mentira tem perna curta”.