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No passado fim-de-semana realizou-se o congresso do PS/Açores.

Um acontecimento partidário importante que consagrou uma nova liderança daquele Partido e elegeu os seus novos órgãos.

Saúdo e cumprimento os novos dirigentes do PS/Açores desejando que contribuam para o desenvolvimento das nossas ilhas.

Ao ouvir e ao ler algumas notícias sobre o conclave socialista pareceu-me que por ali há muitos que ainda não perceberam, ou recusam-se a perceber, a realidade.

Foi um congresso de muito auto elogio e de pouco, muito pouco, reconhecimento de que muita coisa falhou na governação socialista dos Açores.

Continuam a atribuir a profunda crise que se vive nos Açores a causas nacionais e a não reconhecerem que ela resulta, também e sobretudo, de políticas e opções erradas dos governos socialistas de cá.

Essa constatação devia ter sido uma das principais conclusões daquele congresso.

Esse reconhecimento em muito ajudaria o diálogo que se dizem dispostos a fazer e muito ajudaria à alteração de políticas que se exige em muitos setores. Os Açores ganhariam com isso!

Não reconhecer a responsabilidade do PS e dos seus governos na situação atual da Região é negar a realidade. Os resultados dessas políticas e dessas opções não param de aparecer.

Tudo o que aparentemente, vivia, até Outubro de 2012, num “mar de rosas” parece que, neste início de 2013, começa a desmoronar-se a um ritmo alucinante.

É ver o que se passa no Sistema Regional de Saúde (SRS). Nos Açores, numa região de “superavit”, há cirurgias que são canceladas por falta de dinheiro para material clínico! Se isto não é sinal de colapso, o que será então?!

É olhar para o turismo e constatar que a política para este setor falhou redondamente. O setor decresceu em 2012 quando a nível nacional cresceu. São hotéis a fechar e a despedir pessoas como nunca tínhamos visto nos Açores.

É olhar para o setor agrícola que também começa a dar sinais verdadeiramente preocupantes. Primeiro foi no Pico que a situação rebentou com a Cooperativa local a revelar que tem oito meses de atraso no pagamento do leite aos produtores.

Na semana passada foi a vez de conhecermos a situação aflitiva do setor cooperativo de lacticínios de S. Jorge com uma dívida de mais de 15 milhões de euros. E em outras ilhas são também conhecidas muitas e preocupantes situações.

O Governo Regional não pode vir dizer que nada tem a ver com isto porque em muitas ilhas interferiu na própria organização do setor cooperativo e no modelo de produção e comercialização dos seus produtos. Os resultados estão aí!

Estes e muitos outros sinais dão bem nota da necessidade urgente de mudarmos de políticas em muitos setores. Porém, é preciso estarmos muito atentos a alguns sinais que vão aparecendo aqui e acolá sobre a forma como alguns entendem dar a volta à situação. Aqui ficam dois alertas.

Recentemente um consultor de estratégia e negócios que, já trabalhou com o Governo Regional, reconhecendo que 2012 foi um “ano negro” para o turismo dos Açores, considerava que “os Açores não devem ser vendidos como um todo, mas ter em S. Miguel a ilha âncora”.

O que significa isto? Não há muito tempo diziam-nos que não podíamos vender o “Triângulo” isoladamente porque os Açores deviam ser vendidos como um todo e agora já querem vender só S. Miguel!

Ainda recentemente o Secretário da Saúde visitou o Hospital da Horta e afirmou que o seu Serviço de Hemodiálise na falta de nefrologia passaria a funcionar “sob a supervisão de outro serviço de nefrologia da Região”, perdendo a sua autonomia. Se esta é uma situação que se aceita provisoriamente não pode tornar-se definitiva.

Numa altura em que se anuncia a reestruturação do SRS espero que este não seja um sinal do caminho que se pretende seguir. Não é aceitável que essa reestruturação conduza a uma desvalorização do papel do nosso hospital no nosso sistema de saúde.

Não devemos ser contra as reestruturações quando elas são bem intencionadas e procuram atingir objetivos equilibrados mas há princípios dos quais não devemos abdicar. Ficam os alertas! Fica a preocupação!

E fica a minha disponibilidade, mas que tem de ser de nós todos, especialmente e também dos que nesta ilha estão ao lado do poder, em lutar contra todas as práticas que atentem contra a coesão e a unidade regionais!