Realidade “não corresponde à visão cor-de-rosa” do governo regional

O presidente dos Trabalhadores Social-Democratas dos Açores (TSD/Açores) afirmou que a realidade da economia açoriana “não corresponde à visão cor-de-rosa” do governo regional socialista.

“Os trabalhadores açorianos continuam a ser dos que mais baixos salários auferem em Portugal, com um elevado grau de incidência do salário mínimo, e têm de fazer face aos sobrecustos da insularidade e à taxa de inflação mais alta do país. A realidade não corresponde à visão cor-de-rosa do governo regional e do Partido Socialista”, afirmou Joaquim Machado, na abertura do Congresso Regional dos TSD/Açores, que decorre na cidade da Horta, ilha do Faial.

O dirigente social-democrata salientou que, apesar do relativo abaixamento do desemprego, muito devido ao crescimento do turismo, a taxa de desemprego registada no terceiro trimestre deste ano (8,2 por cento) continua a ser muito superior à verificada em 2010, quando era de 6,9 por cento.

“Além disso, o desemprego ganha muita expressão (acima de 40 por cento) entre os jovens, impedindo-os de aceder ao mercado de trabalho para aí concretizarem os seus projetos de realização profissional e pessoal”, frisou.

Joaquim Machado considerou igualmente que “não podemos ignorar, ou tão pouco esquecer, que os indicadores estão camuflados por programas ocupacionais e ações de suposta qualificação de desempregados de longa duração”.

“As próprias fontes oficiais revelam números preocupantes ao nível dos desempregados ocupados, hoje quatro vezes mais do que em 2011 e sensivelmente dez vezes mais do que se verificava há uma década”, lembrou.

Para o presidente dos TSD/Açores, “estes são factos que a propaganda do governo regional esconde dos açorianos, deliberadamente, por conveniência exclusivamente partidária”.

“Só a debilidade da nossa economia, asfixiada pela intervenção dos poderes públicos, justifica a existência de tantos programas de ocupação de trabalhadores desempregados.
Além disso, milhares de trabalhadores vivem nos Açores a angústia de um emprego precário”, sublinhou.

O dirigente social-democrata acrescentou que a maior parte dos indicadores “deixam os Açores no fundo da tabela do país e na cauda da Europa”, nomeadamente na pobreza, insucesso escolar, abandono escolar precoce, violência doméstica, abuso sexual de crianças ou consumo de estupefacientes.

“Em vez de se empenhar na resolução de todos estes problemas que afligem milhares de açorianos, a governação socialista prefere responder às críticas da oposição, dos parceiros sociais e da sociedade civil”, disse.

Segundo Joaquim Machado, a governação socialista limita-se a responder “com um discurso de facilidades, suportado por uma máquina de propaganda ampla e tentacular, de que é paradigmático um gabinete de comunicação e um grupo de assessores que custam aos contribuintes um milhão de euros por ano – 12 vezes mais, por exemplo, do que a dotação destinada este ano à aquisição de equipamento informático para as escolas”.

Na sessão de abertura do Congresso Regional dos TSD/Açores, esteve presente o secretário-geral nacional dos TSD, Pedro Roque, que fez uma análise da situação política nacional, estabelecendo as diferenças entre o PSD e o PS.

“O Partido Socialista tem uma marca idiossincrática, que é a de exaurir as contas públicas e abrir caminho aos resgates financeiros do país. Ao invés, o PSD fica associado a recuperações económicas após momentos muito difíceis. Tudo aquilo que se alcançou com o Estado Social em Portugal do PSD”, disse.

O dirigente social-democrata nacional acrescentou que, presentemente, existe uma “nova austeridade” em Portugal, feita do “aumento de impostos indiretos, cativações e cortes cegos na despesa do Estado e no investimento público”.

Durante os trabalhos do Congresso Regional dos TSD/Açores, os congressistas vão debater a Moção de Estratégia Política e Sindical “Emprego com dignidade”, de que é primeiro subscritor Joaquim Machado.