SATA: O que virá a seguir? – Opinião de Mónica Seidi

Está na moda falar-se da SATA. Infelizmente pelos piores motivos possíveis.

As manifestações públicas são imensas, em artigos de opinião, nos noticiários das rádios e das televisões, nas primeiras páginas dos jornais e, sobretudo, nas redes sociais, onde há testemunhos dos mais variados constrangimentos causados pela “companhia de todos nós”, e logo na “melhor” época do ano. Não há nada que não aconteça aos passageiros ou aos seus familiares.

Atendendo à complexidade e dimensão do assunto, o Exmo. Sr. Presidente do Governo Regional achou por bem tomar conta do mesmo. Assim, numa manobra clara de diversão para ganhar tempo, decidiu “auscultar” personalidades distintas sobre os problemas da transportadora dos Açorianos, que celebra este ano o seu 76º aniversário. Por parte da “nova” Secretária Regional dos Transportes e Obras Públicas nada se ouviu, saindo assim fragilizada uma vez que perdeu uma excelente oportunidade de se afirmar.

Infelizmente, as más opções tomadas abundam, e a espiral descendente da SATA poderá arrastar outros “inocentes”, para lá dos passageiros.
Que será feito aos bombeiros das Associações que prestam serviço de socorro e emergência nos aeródromos do Corvo, Graciosa, São Jorge e Pico?

É inadmissível que, havendo um protocolo entre as associações das ilhas mencionadas e a SATA-Gestão de Aeródromos, com duração de 10 anos e que se renova automaticamente se não for denunciado por qualquer uma das partes, com antecedência mínima de um ano sobre o seu término, se tenha lançado um concurso público internacional. Sem qualquer tipo de contacto prévio às associações, que ao longo destes anos foram sempre fiéis na prestação dos serviços, e que mostraram toda a disponibilidade para continuar a fazê-lo. Até porque é a continuidade das próprias Associações que está em causa. Será que o maior acionista da SATA, o Governo Regional, salvaguardou junto das duas empresas privadas que concorreram os postos de trabalho em causa? Será que a SATA irá indemnizar as Associações envolvidas, por quebra do acordo em vigor? Porquê “sacrificar” as Associações de bombeiros e respetivos funcionários, que não têm culpa das sucessivas decisões infelizes de quem gere a companhia?

Infelizmente, a SATA-Gestão de Aeródromos, que está na dependência total da SATA AIR Açores, parece seguir esta tendência na tomada de decisões controversas. Em abril do presente ano, o SINTAC alertou para o facto das evacuações médicas poderem estar em risco em algumas ilhas do arquipélago, uma vez que não há um sistema de prevenção para os trabalhadores dos Aeroportos. Ao contrário do que seria desejado, e ao contrário do que acontece para todas as outras entidades envolvidas numa evacuação médica. Achei impossível que tal acontecesse, mas infelizmente é mesmo verdade, uma vez que não existe regime de prevenção, e as evacuações decorrem sem constrangimentos, graças à “boa vontade” dos trabalhadores, que assim se mantém contactáveis fora das horas de serviço, e com disponibilidade total para se deslocarem ao aeroporto sempre que solicitados. Isso permitiu, até ao momento, que nenhum doente ficasse por transferir. Esperemos que não seja necessário ocorrer nenhuma fatalidade, para depois a situação se venha a resolver.

Abriu-se a “Caixa de Pandora” da SATA, e até agora há um único cúmplice a todos os problemas: o Governo Regional. O que virá a seguir?