1. Este ano ocorrerão eleições autárquicas. Se dúvidas existissem sobre isso bastaria analisar a postura da Câmara da Horta (CMH) nas últimas semanas. O PS na CMH já está em plena campanha eleitoral. A tática utilizada tem sido sempre a mesma ao longo destes quase 30 anos de poder autárquico no Faial. E como tem tido sucesso eleitoral já estão a repeti-la na esperança que a maioria dos Faialenses volte a legitimar esse comportamento. À semelhança dos mandatos anteriores, neste também nos primeiros anos não houve investimentos significativos; mas agora, nos últimos meses do mandato, regista-se uma azáfama entre apresentações de projetos, obras de fachada e uma tentativa de apoiar e neutralizar tudo o que mexe.
2. O último exemplo dessa tática foi a apresentação do projeto para a requalificação da frente mar da cidade. Não contesto essa intervenção que reporto de estruturante para o desenvolvimento da cidade. O que me causa perplexidade é que esta intervenção esteja prometida há longos anos e que a Câmara e o Governo venham fazendo uma mera gestão eleitoral deste assunto. Para avaliação de todos, recordemos alguns episódios dessa promessa:
A) Em 2008, o presidente da CMH, após uma audiência com o Secretário da Economia, anunciou que estava “muito satisfeito” porque o Governo iria fazer um “estudo prévio para a frente mar”.
B) Em 2011, o Governo reuniu com o presidente da CMH e na sequência desta reunião anunciaram que “de parceria com a Câmara Municipal, o Governo vai realizar o projeto com vista à requalificação da via marginal”.
C) Em 2012, o Governo e a Câmara assinaram um protocolo de cooperação para a realização de estudos e projetos para a requalificação da frente mar, que estariam prontos em 2013.
D) Em 2016, assinaram um novo protocolo com vista à realização dos estudos e projetos necessários para a mesma requalificação.
3. Pelo exposto comprova-se que, pelo menos, nos últimos oito anos, a Câmara Municipal entreteve os Faialenses com este assunto. Mas além de não ter cumprido as suas promessas, foi gastando o nosso dinheiro com pequenas intervenções desconexas e parcelares na nossa Marginal que provocaram autênticos crimes na sua imagem e até destruíram espaços verdes para construir um parque de estacionamento.
Mas estas intervenções parcelares continuam. Reparem no que fizeram no Largo do Bispo: uma intervenção para eleitor ver! Fizeram o saneamento básico? Claro que não… (já dizia o outro que “enterrar dinheiro debaixo do chão não dava votos”). Ou seja: quando alguém decidir fazer o saneamento naquela zona destrói tudo e manda ao lixo o dinheiro gasto agora. Porque é que nesta Terra não se fazem as coisas bem-feitas e com princípio, meio e fim?
A ação das Câmaras socialistas ao longo destes anos tem-se caraterizado por fazer e desfazer pequenas obras de fachada desgarradas e algumas de mau gosto. Reparemos na reposição dos bonitos bancos na Praça da República. Uma Câmara socialista retirou-os há uns anos porque era preciso mais conforto, outra recoloca-os, agora! E é assim que gastam o nosso dinheiro e entretêm os Faialenses com “tira os bancos, põe os bancos”…
4. Mas a falta de estratégia e de uma visão de conjunto continua a estar patente na intervenção agora apresentada para a frente mar. Esta intervenção é um projeto complexo e sensível que tem de se articular com outros investimentos, nomeadamente com a 2ª fase do reordenamento do porto, com a 2ª fase da variante, com o projeto do saneamento básico e com um plano de reordenamento do trânsito e estacionamento da cidade. Tudo isso está articulado e planeado? Não consegui obter respostas tranquilizadoras neste sentido, nem estímulos para o envolvimento dos privados, de quem depende em muito o sucesso desta intervenção, nomeadamente na reabilitação urbana do edificado e na criação de novas dinâmicas comerciais.
Mas afinal tudo isto não interessa; o importante é fazer passar a ideia que agora é que vai ser, afinal este é mesmo ano de eleições autárquicas.