Diferentes – Opinião de António Marinho

Depois de dois meses do governo de Costa, parece que não existe governação no país. Os vários ministros apenas atuam como máquinas trituradoras. Limitam-se a “abater” o que foi feito. Não há um pingo de criatividade. Nem mesmo um pequeno rasgo por parte de membros do governo menos frequentadores da sede partidária.

Não há um projeto a mexer com a sociedade. Como, aliás, se previa. Desde logo, pela forma negativa como quem chegou ao poder se mostrou em campanha. Mas igualmente pela coligação, também ela negativa, criada para o assalto ao poder, envolvendo a esquerda radical.

De construtivo, até agora, nada se viu. Têm andado entretidos a “mexer” nas reformas estruturais que o anterior governo levou a cabo.

Bem sabemos, todos nós, incluindo quem conseguiu ser governo pelas portas travessas que utilizou para lá chegar, que tais reformas foram duras para os portugueses. E sabemos, todos também, que as medidas de austeridade seguidas não resultaram de opções tomadas de ânimo leve.

Quem as implementou, tinha um desígnio. O de recolocar as contas públicas do país em ordem. Para que não ficasse definitivamente comprometido o necessário desenvolvimento nos anos que aí vêm e não se onerassem as gerações que nos irão suceder. De forma simples, para que o país voltasse a viver à medida das suas possibilidades.

Nestes dois meses, embora lá muito de vez em quando, já se detetou um ou outro sinal com uma pontinha de precaução. Quem sabe, num momento mais consciencioso de um governante, pensando que talvez não fosse prudente “ir a todas” no corte com os últimos quatro anos. Porque existia o risco do regresso a uma realidade que tinha tido efeitos tão nefastos para o país, tal como a que existia em 2011.

Só que os parceiros da extrema-esquerda radical logo gritaram, como é seu hábito, e chamaram a atenção que era neles que repousava a estabilidade da coligação negativa. Atado de pés e mãos, o governo de Costa reverteu o “mau” pensamento e seguiu em frente, sem olhar a consequências.

É este o retrato atual. Um governo sem projeto. Um governo que não tem modelo de desenvolvimento para o país. Apenas tem a preocupação de cortar com o passado recente que, por sinal, devolveu a credibilidade a Portugal.

Um governo que não cria. Um governo que apenas tem a destruição como mote. Um governo pendurado nos compromissos assumidos com partidos que assentam a sua ação política no protesto e que só assim intervêm na sociedade. Não é por acaso, aliás, que recusaram uma participação ativa no governo.

É um governo de “O futuro? Logo se vê!”

E por cá? Os correligionários açorianos de Costa tudo aplaudem. Não há critério. É porque sim.

Como faziam, pelo apupo, a tudo quanto vinha do governo antecedente. Também sem critério. Também porque sim.

Entre eles, há quem já não esconda o seu incómodo. Sentem-se ainda pior quando olham para o PSD/Açores de Duarte Freitas. Veem que, antes como agora, e como aconteceu ainda há dias, não hesita em agir diferente do partido a nível nacional quando estão em causa os interesses da Região.

São diferentes formas de estar na política. E, obviamente, de estar com os Açores!