Os dois governos: regional e nacional – Cláudio Lopes

O novo Governo Nacional, socialista, foi empossado. É um governo minoritário, que perdeu as eleições, mas vai governar. O Governo da Coligação PSD/CDS-PP que ganhou as eleições foi impedido de governar por uma coligação de forças políticas contranatura que se organizou à revelia do voto popular e tomou de “assalto” o Poder.

Este novo Governo é maior do que o anterior, porque convém incluir nele muitos “gregos” e alguns “troianos”.

Presumo, pela quantidade e natureza das medidas prometidas, as quais poderão a curto trecho ser implementadas, estarmos em presença de um Governo que encerre um ciclo, embora de curta duração, de recuperação económica, de credibilização externa e de confiança no futuro, para reiniciarmos um novo ciclo de facilitismo e de leviandade que, tal como num passado não muito distante, nos levou à beira da bancarrota.

Desejo que esta solução “fabricada”, seja duradoura, muito embora duvide.

A equação de implementar um programa ideologicamente na esfera da “social-democracia” (que é o que corresponde ao desejo da esmagadora maioria dos portugueses), com o aval dos partidos radicais de esquerda, sem que estes percam a sua identidade ideológica, parece-me uma equação difícil de concretizar, ou, no mínimo, de curta duração.

Quanto ao Governo Regional socialista, este está velho, cansado, sem ideias, mas cheio de vícios. Está, portanto, em final de ciclo. Viu aprovados, esta semana, o Plano e Orçamento para o último ano da 5ª legislatura sucessiva. Estes importantes documentos apenas tiveram o voto dos deputados socialistas, sendo reprovados por todos os partidos da oposição. Temos assim um governo socialista fechado em si próprio e sem credibilidade.

Tal como já aconteceu ao PSD, atingidos os 20 anos é mais do que a hora de mudar de Governo.

Estes cinco governos socialistas sucessivos, apesar de terem tido à sua disposição, nestes 20 anos, dezenas de milhares de milhões de euros para governar, apresentam hoje uma Região com indicadores sociais que nos envergonham a todos. Uma pobreza estrutural que não diminui, uma preocupante taxa de desemprego, uma precariedade laboral acentuada, uma elevada percentagem de famílias a depender do rendimento social de inserção, um crescente número de pessoas a viver da caridade (à procura de comida), taxas preocupantes de abandono escolar precoce e de insucesso escolar, milhares de famílias sem médico de família e milhares de cidadãos aguardando há anos por uma intervenção cirúrgica. Jovens sem horizonte de esperança, muitos deles percorrendo os caminhos da toxicodependência, colocando em risco a qualidade das suas próprias vidas e das respetivas famílias. Uma sociedade muito dependente dos apoios públicos, uma economia muito frágil, e uma assimetria no desenvolvimento das nossas ilhas, cada vez mais acentuada.

O Governo, de ano para ano, vai anunciando milhões e mais milhões para as políticas sociais (programas de ocupação temporária para iludir os números do desemprego, arrendamento social, entre outras), mas com isto vai confessando a sua incapacidade para criar qualidade de vida nas famílias açorianas.

É hora de mudar de políticas, e de mudar esta forma de governar!

P.S. – Nestes últimos quatro anos o Governo Regional foi desculpando os seus erros e omissões com o Governo da República. Veremos agora em que vai desculpar-se.