Hipocrisia social e política – Opinião de João Bruto da Costa

A hipocrisia domina grande parte do nosso quotidiano público e, em especial, as questões políticas.

Somos várias vezes confrontados, por exemplo nas redes sociais, com campanhas a favor ou contra determinado assunto e assistimos até a pessoas a criticarem nos outros aquilo de que eles próprios são exemplo.

Vemos por aí dirigentes e outros assalariados públicos que ao mesmo tempo que são capazes de levar todo o dia a publicar nas redes sociais os maiores impropérios contra quem não partilha dos seus ideais políticos, logo se indignam se alguém denuncia o mínimo que seja contra os seus ídolos partidários.

Assistimos até a pessoas nomeadas por confiança política diariamente a publicar as maiores indignidades por causa de notícias sobre as nomeações alegadamente feitas por outros.

Há até quem não se coíba de difundir “conversas” sobre este ou aquele facto político com o qual não concordam, sem ter o cuidado de ver se a origem dessa notícia é falsa.

Já assisti, até, ao descuido daqueles mais efusivos a publicar nas redes sociais notícias contra o actual governo nacional não tendo o cuidado de ver a data da notícia e constatar que a mesma se reportava a um governo que apoiaram!!

Enfim, assistimos ainda a gente contratada pelo regime que mais não faz do que passar horas e horas do seu dia a fazer campanha política ou a falar do seu clube de futebol predilecto.

Nestes Açores marcados pelo regime socialista de quase 20 anos não se pode falar dos Jobs for The boys do PS, porque isso é feio, não se faz! Os nomeados do PS têm sempre uma boa razão para terem sido escolhidos, quanto mais não seja, por serem do PS.

Mas se alguém andar por aí a etiquetar os que não comungam na mesa socialista de burros, bestas, corruptos, ladrões, ignorantes, e outras classificações desprovidas de argumentação e inúteis para o debate político, isso já pode ser. Isso já é, para os incomodados com alguma crítica aos abusos socialistas, o reflexo de uma certa indignação que resulta, segundo eles, de uma espécie de legítima defesa contra quem não concordam. Pelo contrário, se discutirmos as relações no mínimo duvidosas no acesso aos lugares da administração e as relações próximas, partidárias, familiares ou outras, que deturpam a busca do mérito, isso já é ataque pessoal ou coisa pior!

Se o ridículo de tudo isto servisse, pelo menos, para uma certa vergonha, mesmo que recatada, até poderíamos ter esperança. Mas a indignação socialista e os actos de repúdio de andarem por aí a contratar familiares dos políticos ficam-se pela demissão precoce do filho de um deputado da oposição. Aí sim, já podem dar o exemplo da sua grande seriedade nestas coisas do acesso aos lugares da administração regional e das empresas públicas.

Não faltam nestes Açores exemplos recentes de vergonhosas nomeações e de métodos nada transparentes na selecção de pessoas para ocupar lugares pagos pelos Açorianos. Aparentemente, o maior mérito dessas contratações é a eficácia a navegar pelas redes sociais a publicar tudo o que aparece contra os adversários do socialismo dos Açores, ainda que isso passe por ofensas ao Presidente da República, falsidades e calúnias sobre o Primeiro-Ministro ou Ministros de outros partidos.

Tenho por certo que se algum funcionário da Administração Regional fizesse o oposto e tecesse contra o socialismo das ilhas, teria decerto que se explicar ou ficava sem acesso a redes sociais no local de trabalho.

Há regimes piores? Há, mas não era a mesma coisa!!!