Desnorte – Opinião de Hermano Aguiar

As lideranças políticas muitos fortes, com tiques de absolutismo, uma vez passadas à história, deixam um rasto de vazio nos seus discípulos.

Depois de Sócrates, o PS ainda não conseguiu encontrar um rumo de afirmação. Deambula entre as propostas centristas e os afetos à esquerda tipo Syriza.

Carlos César num dia afirma que “as propostas do Syriza não são radicais” e que até muitas delas “são iguais às apresentadas pelo PS, nomeadamente no que toca ao IVA” e no “taxar os mais ricos”.

Mas o desnorte nesta nova liderança do PS leva Carlos César a dizer o contrário do que havia afirmado dias antes. Apelida, agora, o governo grego, liderado pelo Syriza, de “radicalismo inconsequente, improdutivo, destruidor da unidade europeia e da economia nacional”.

A dívida pública portuguesa que tinha que ser reestruturada, por ser insustentável, nas palavras de Costa e César, passa, agora, a ser “mais minimizada”, segundo o candidato a deputado à Assembleia da República.

A desgraça do povo grego, ironicamente, tem servido para elucidar os portugueses sobre o caminho a não seguir.

Sócrates deixou um PS órfão. Que não está em condições para os portugueses poderem entregar os destinos do país.