Todo o imbróglio à volta da Grécia – desde a vitória do esquerdista Syriza à capitulação do seu líder perante os credores, passando pela vitória do “Não” no referendo – traz-nos lições à nossa democracia caseira.
Quando a corrupção se alastra e quando o nepotismo reina, a confiança nas instituições esvazia-se e abre-se caminho às soluções políticas “milagrosas” e demagógicas.
Os demagogos que tudo resolvem sem nunca pedir sacrifícios a ninguém, chegados ao poder, não resolvem nada, complicam e passam as suas responsabilidades para outros.
Perante os problemas que urgem solução, os políticos de solução fácil recorrem às manifestações populares, escudam-se em referendos para, depois, simplesmente desprezarem aquilo que o povo ditou.
Mesmo depois de sentados na cadeira do poder persistem no discurso oposicionista ao poder. Fazendo da contestação o seu lema.
E assim se perde a confiança perante os parceiros externos e perante os eleitores. Sobrevive-se politicamente à custa da claque que se vai alimentando com os dinheiros públicos e do controlo da comunicação social.
Na Dinamarca, os Tsipras não sobreviveriam. Na Grécia, são heróis! E nos Açores?