Faz-de-conta – Opinião de João Bruto da Costa

Quando dei por mim a ler que o governo dos Açores, tendo por mensageiro Sérgio Ávila, tinha aumentado o salário mínimo regional para mais de 530 euros pensei que não lia notícias há muito tempo pois nem sabia que estava a ser negociado nos Açores um aumento do salário mínimo regional.

Foi então que percebi, pela notícia seguinte, quem tinha assinado um acordo para um aumento do salário mínimo nacional, congelado por Sócrates em 2011 e negociado e aumentado agora, três meses depois da TROIKA sair de Portugal.

Quem, afinal, estava na fotografia do aumento do salário mínimo não era, para meu espanto, nem o Vice Regional, nem os parceiros sociais regionais, nem sequer uma sombra do Presidente Vasco.

Julgava eu, por manifesta ingenuidade, que se era anedótico uma nota do gabinete de Sérgio Ávila, a dizer que tinha feito uma coisa que não fez, parecia surreal que se fizesse ressonância, com carimbo de “informação”, de uma despudorada e ostensiva falsidade política!

Se o salário mínimo aumentou nos Açores para 530,25 € em nada, nem sequer um pingo de suor ou uma ligeira calosidade, se deveu a Sérgio Ávila ou ao PS de Sérgio Ávila ou ao Governo de Cordeiro e Ávila!

O aumento do salário mínimo é resultado, em primeiro lugar, do esforço dos Portugueses em livrar-se do protectorado da TROIKA com a constante guerrilha socialista, com tanto de despudorada como de irresponsável. Depois é responsabilidade dos parceiros sociais que, com o Governo PSD/CDS negociaram um aumento consequente com as melhorias e capacidades da economia.

Se era para começar a sentir alguma melhoria depois de sair a TROIKA de Portugal, pois que seja este o sinal de por onde começar a devolver a dignidade hipotecada pelos desvarios socialistas nos governos do país!

Para descobrir e divulgar que o aumento do salário mínimo regional tem alguma mãozinha socialista dos Açores era preciso descobrir um emplastro na fotografia do acordo de concertação social, assinado no seio do Conselho Económico e Social de Portugal. E mesmo assim, só por pura distracção jornalística podemos dar ao emplastro alguma tarefa para a qual não revelou qualquer competência!

E mesmo que por verdade histórica se tivesse de atribuir alguma paternidade ou mérito por existir um acréscimo regional ao salário mínimo, seria o PCP a acotovelar para se chegar à frente. Mas nem mesmo o PCP, transvestido ou não de CGTP, foi capaz de ter algum papel no aumento do salário mínimo regional para 530,25 €.

Afinal basta uma alucinação governamental própria de quem continua a ver um oásis onde cresce a pobreza e a exclusão social para perceber que até acham perfeitamente normal que se transforme uma delegação da Assembleia Regional em assembleia de voto de um partido político.

Vivemos num permanente faz-de-conta! E agora fizeram de conta que assinavam um acordo para aumentar o salário mínimo regional.